quarta-feira, 28 de março de 2018

Vivendo como igreja relacional 11

VIVENDO COMO IGREJA RELACIONAL
Escrito por Wayne Jacobsen. Traduzido por Ezequiel Netto

11 - Amigos e amigos de amigos.
Setembro de 2007.
Desde que escrevi A Igreja Nua, há vinte anos, tenho buscado por uma definição de igreja que compreenda sua majestade, que demonstre em simplicidade quem ela é, e como funciona no mundo. A princípio pensei que poderia ser respondido na forma estrutural, como saindo da mecânica das grandes instituições para estruturas mais relacionais, como grupos celulares, grupos caseiros e igrejas nos lares.
Mas não funcionou dessa forma, pelo que fiquei incrivelmente gratificado. Definir a igreja estruturalmente tem dois problemas. Primeiro, a vida da igreja é encontrada na afeição e cooperação de pessoas, as quais estão vivendo em Cristo. Nenhuma estrutura garante essa realidade. De fato, os menores grupos religiosos baseados no desempenho são até mesmo mais perigosos que aqueles maiores. Segundo, essas definições eram inerentemente divisivas - excluem irmãos e irmãs que reúnem em estruturas diferentes e inculcam uma falsa sensação de superioridade naqueles que pensam que finalmente descobriram “o segredo” da vida da igreja do Novo Testamento.
Em todo o tempo, meus relacionamentos nunca refletiam a realidade como eu tentava definir. Tenho comunhão próxima com irmãos e irmãs que se reúnem de várias maneiras, como em grandes instituições ou com aqueles que vivem apenas ao lado dos outros. Eu queria uma definição que transcendesse todas as formas estruturais que tendemos a ver a igreja.
Neste verão, contudo, encontrei por acaso uma definição que expressa melhor a vida da igreja que qualquer outra que eu buscara. Ela se cristalizou em meu pensamento durante um encontro mundial de crentes e vem crescendo em mim mais que nunca. Sua aplicação em uma variedade de formas parece sustentar testemunhos de sua clareza e praticidade. Que definição é essa? Simplesmente estou vendo a beleza da igreja de Jesus Cristo emergindo nestes dias como “amigos, e amigos de amigos”.
Agora percebo que precisamos de um pouco de explicações, então deixa tentar.
Um exemplo na Irlanda.
Aqueles que leem meu blog ou escutam O Caminho de Deus sabem que participei de um incrível ajuntamento de crentes na Irlanda, em junho do ano passado. Fui recebido por um número de pessoas que vivem relacionalmente ao redor de Dublin por mais de 30 anos. Estavam no processo de formar uma congregação nos anos 80, quando Deus deixou claro que não pediu a eles para fazer isso. Eles pararam de se encontrar regularmente, mas continuaram a compartilhar a vida de Jesus juntos como amigos que vivem próximos uns dos outros. Eles raramente se reúnem todos juntos, embora também seja raro que diariamente um grupo deles não esteja junto de alguma forma - compartilhando a caminhada e ajudando uns aos outros.
Nesse verão Deus me juntou por uma semana de compartilhamento com pessoas de todo o mundo as quais estão aprendendo a viver relacionalmente como família. O povo veio de 10 países diferentes, incluindo Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Estados Unidos e outros países da Europa. Muitos desses que vieram não conheciam uns aos outros previamente, e muitos nunca tinham ido à Irlanda.
Tivemos uma semana juntos, começando no domingo com um pic-nic no campo e terminamos no sábado seguinte, no mesmo campo, com um churrasco. Ninguém planejou nada além das refeições para estas ocasiões, e para o resto da semana não nos reunimos como um grupo grande, exceto para tomar um ônibus de turismo para conhecer a Irlanda. Durante toda a semana grupos de pessoas se encontraram em várias casas e outros lugares para comerem juntos, ter algum tipo de recreação ou conversarem. Até o final da semana fomos soprados para todos os lugares que o Pai quis sem planejamento e sem marcar reuniões de ministério. Amizades floresceram, assuntos profundos foram discutidos, impressões foram compartilhadas e perguntas foram respondidas. Oramos, choramos e rimos juntos, de todas as formas, assistindo Jesus emergir ao nosso redor. Dedicamos um tempo significante ajudando indivíduos que tiveram algum contratempo durante a caminhada, com oração e aconselhamento. Amigos e amigos de amigos puderam estar juntos por uma semana e Jesus pode realizar tudo o que desejou através dessa simples realidade.
Muitos daqueles que se juntaram durante aquela semana eu já tinha encontrado previamente durante minhas viagens. Assistir amigos meus se encontrando e desfrutando de outros amigos meus foi muito gratificante. Fui abençoado em ver como uma simples rede de conexões se expande para envolver outras pessoas, e quanta gente relatou que tiveram um tempo justamente com as pessoas que precisavam conhecer e puderam já perceber maneiras que Deus poderia fazer para ligá-las no futuro.
A princípio, nada disso me surpreendeu. A maior parte de minha vida é gasta com amigos e amigos de amigos que o Espírito está tecendo juntos. Eu tive momentos semelhantes nesse verão em grupos ainda menores na praia do lago Tahoe, num velho espaço de comunhão em Stratford, Ontario, e em uma casa em Naarden, na Holanda. E muitas das tarefas que Jesus me pediu para fazer nesses dias não poderiam ser feitas sem uma rede de várias pessoas, cada uma suprindo sua parte. Minha vida tem se tornado um mar sem fim de relacionamentos, alguns por muito tempo, outros apenas por uma estação. Mas estou convencido que o ambiente onde as amizades se desenvolvem é onde a família floresce, e não numa rígida rotina de uma instituição.
Quão maravilhoso foi pra mim ver que na Irlanda essa mesma dinâmica foi visível numa larga escala com diferentes tipos de pessoas. Foi exatamente desse jeito que me disseram que não funcionaria. Pessoas falam que as amizades são boas para estar atuando numa mesma localidade, e que não permitiria que o corpo de Cristo funcionasse numa escala global. Elas estão erradas. Estou convencido que a única maneira que pode funcionar é globalmente. As instituições brigam constantemente por controle, doutrinas e dinheiro. Mas onde Jesus constrói amizades não há fim para os bens e recursos que Ele pode juntar para cumprir seus propósitos. Nada é desperdiçado em esforço político ou para manter a máquina funcionando. Toda a dinâmica da vida do corpo no Novo Testamento se aplica melhor no desenvolvimento de amizades do que eles poderiam fazer se dedicando a edificar grupos.
Amizades no estilo de Jesus.
Não conheço sistema algum, seja pequeno ou grande, que possa garantir que, quando for implementado, uma comunidade verdadeira surgirá. A vida do corpo não surge de nenhum sistema gerenciado, mas a partir de uma amizade crescente com Jesus, por pessoas ligadas entre si que compartilham essa amizade umas com as outras. Mesmo que você faça parte de uma grande instituição, sua qualidade de vida estará muito mais em função das amizades que você cultiva e como estas te estimulam a viver mais intensamente em Cristo, que qualquer coisa que a reunião coorporativa possa produzir. Leia novamente os Evangelhos e verá que grande parte do ministério de Jesus foi realizada com simples amizades, seja com um pescador cansado retornando com o barco vazio, almoçando com um cobrador de impostos ganancioso, ou com Maria, Marta e Lázaro em Betânia. Ele foi constantemente acusado de ser amigo dos pecadores e de ter prazer com a companhia deles. No final de sua vida, Ele afirmou claramente para seus discípulos que o que esperava deles não era a obediência como servos, mas a afeição de amigos (Jo 15:15).
Talvez a palavra ‘amizade’ possa soar muito comum para descrever a maravilha de nossa ligação com Ele e de uns com os outros, mas isso só porque olhamos em termos humanos. A maioria das amizades é edificada num delicado equilíbrio de benefício mútuo. À medida que as pessoas fornecem alguma coisa para nós, nós as consideramos amigas. Quando não fazem isso, nós partimos para outras. Por essa causa, a maioria de nós tem apenas amizades muito rasas que podem ser tão inconstante com o tempo. E muitos de nós experimentamos a dor da traição quando um bom amigo decide que teria mais a ganhar se nos abandonasse.
Assim, muitos de nós evitamos amizades profundas pensando que podemos nos proteger de futuros desapontamentos. Essa é a razão por acharmos mais fácil confiar nos relacionamentos administrados pelas instituições que correr o risco da espontaneidade da amizade verdadeira e crescente. Mas essa é a nossa perda!
As amizades como Jesus idealizou não são no estilo “o que eu posso obter de você”, mas na disposição de entregar nossa vida em favor do outro. Até você experimentar como Ele fez isso por você, você jamais saberá como fazer isso pelos outros.
Essa é a razão porque a verdadeira amizade não se desenvolve a partir das regras e orientações institucionais, mas a partir de pessoas realmente ligadas a Jesus e, a partir daí, com os outros. Na medida em que vamos crescendo na liberdade de não precisar explorar os outros ou ser explorados por eles, poderemos experimentar tudo sobre a verdadeira amizade. Essas amizades são os tijolos para a edificação da comunidade do Novo Testamento.
Foi esse tipo de amizade que compartilhei com aqueles que se reúnem na Irlanda, e a amizade que cresceu entre os demais naquela semana. Estou convencido que essa é a maneira como a noiva toma forma no mundo à medida que o Espírito conecta o corpo através das amizades carinhosas e cuidadosas. Amigos e amigos de amigos, vivendo, compartilhando e trabalhando lado a lado, cada um contribuindo com o que o Senhor lhes dá. Esse é o nosso compromisso com o corpo de Cristo e abrirá a porta para todas as maneiras pelas quais Jesus quer que compartilhemos sua vida em unidade.
Desenvolvendo amizades.
Obviamente que estar ligado a um grupo e se tornar parte de um crescente círculo de amigos são duas coisas muito diferentes. A maioria de nós só conhece o primeiro, e o segundo pode parecer uma ameaça a este, pois não existe lugar algum que você possa ir para se inscrever para amizades verdadeiras. Não podemos orquestrar isso. As amizades surgem na medida em que reconhecemos e investimos tempo com aqueles que o Pai pede que andemos lado a lado por determinado período. Então elas começam da única maneira que podem começar, não com os outros, mas com Ele!
Primeiro, aprenda com Jesus a ser amigo. Ele é a única fonte de vida. A vida do corpo é fruto de nossa caminhada com Ele, e não um meio para obtê-la. Deixe seu relacionamento com Ele crescer. Se você não conhece outros com a mesma paixão, apenas fique perto dele e com os olhos abertos. Ele pode querer você para Ele durante um tempo, de forma que você dependa somente dele. E eventualmente Ele irá te conectar com os demais.
Segundo, procure fazer amizade com aqueles que Deus colocou em seu caminho. Os tijolos para edificação do corpo de Cristo não são encontrados em grupos, acredite ou não. Jesus mostrou especificamente o valor de dois ou três reunidos em nome dele. Em pequenas conversas é onde nós realmente conhecemos uns aos outros e reconhecemos a vida de Jesus no outro. Sentados numa reunião jamais faremos isso. Eu já estive em grupos caseiros que se reuniram por mais de 20 anos para oração e estudo bíblico sem serem amigos. Eles alegam ser igreja, mas não havia afeição entre eles, e nenhum entendimento do que significa compartilhar a vida juntos. Eles estavam apenas compromissados com as reuniões semanais.
Encontre maneiras de comerem juntos, uma tarde ou uma saída juntos. Quando se cruzarem no corredor de alguma loja, não sejam apressados. Parem um pouco, mesmo que seja só por um momento, e desfrutem a companhia um do outro. Os relacionamentos crescem melhor com pequenas conversações. Tentar formar grupos é um pobre substituto para isto, e muitas vezes uma forma estrutural de tentar produzir amizades involuntariamente subverte o processo por si só. Amizades só florescem em conversas verdadeiras onde pessoas estão crescendo em conhecer e cuidar umas das outras sob o amor do Pai.
Agora, assista as conexões se desenvolverem. A partir desses dois ou três uma maravilhosa rede de amizades surgirá. À medida que alguns amigos meus passam a conhecer outros meus amigos, o corpo toma forma ao meu redor. Essa teia de amigos interconectados oferece possibilidades sem limites para as várias maneiras que o Espírito pode nos unir e nos mostrar como cooperar juntos em fazer o que Ele pede. O ajuntamento de vários grupos vai tomar forma, não porque eles estão tentando ter uma ‘reunião’ do Novo Testamento, mas porque querem aprender juntos, trabalhar juntos ou, de alguma maneira, expressar a obra de Deus no mundo. Pessoas que vivem dessa forma aprendem a valorizar cada conexão que Deus deu a elas.
Aqueles que participaram como parte de facilitar o que aconteceu na Irlanda e em outros lugares que vou são aqueles que têm investido anos em desenvolver amizades. Eles não estão tentando dirigir grupos ou formar relacionamentos estruturados, mas simplesmente deixar Jesus ligá-los com outros e dar tempo para essas amizades se desenvolverem. E eles têm compartilhado generosamente essas amizades com seus outros amigos.
É assim que a igreja vai tomando forma localmente, regionalmente e globalmente. Eu amo ver alguns de meus queridos amigos fazendo amizades entre si. Quando estive no Reino Unido nesse verão, encontrei um jovem casal que veio como imigrante da África do Sul. Eles conheceram outro casal que tive um tempo com eles quando estive lá, os quais conheciam um casal mais velho vivendo próximo a eles, nas cercanias de Londres. Aquele casal fez contato entre eles e com alguns amigos que me hospedaram neste verão. Eles se juntaram a nós na semana que estive lá. Na semana seguinte eu estava sentado na Irlanda com o casal da África do Sul que começou tudo, e o casal de Londres que passou a fazer parte conosco. Que família alegre - amigos e amigos de amigos se encontrando em comunhão e vivendo juntos, ajudando uns aos outros na caminhada.
Está ouvindo o mover das agulhas do Espírito Santo tecendo-nos juntos como família?
A família de maior proporção.
Que alegria é ver a igreja tomando forma não como resultado da visão de algum homem, ou um grupo de pessoas planejando criar uma organização para contê-la, mas vendo-a como uma realidade que transcende todos os nossos esforços de controlá-la. Embora a igreja se expresse através de milhões de simples atos de amizade em resposta a liderança de Jesus e aos maravilhosos frutos que surgem a partir daí, nenhum homem poderia jamais controlar a igreja, e não existe nenhuma instituição que possa abrangê-la para controlar, financiar, brigar por ela ou dividi-la.
Expressões dessa grande família estão somente nas mãos do Senhor da maneira como correspondemos a Ele. Esta é a igreja que Ele está edificando! Ela permeia todas as coisas e todo lugar e não importa como nos reunimos em grupos com outros crentes, aqueles momentos de dois ou três, de oito ou dez, são os mais importantes. É aí que os relacionamentos se desenvolvem, onde as pessoas realmente compartilham a caminhada, e onde encontraremos formas de fazermos juntos o que Ele poderia pedir a nós.
Enquanto estive na Irlanda não pude cooperar muito, mas me pergunto quantos outros grupos de amigos interconectados enchem nosso planeta. Quão fácil é para o Espírito Santo conectar pessoas quando elas estiverem preparadas. Duas pessoas apenas precisam atravessar caminhos que separam partes da família, para encontrarem uma a outra. É uma alegria encontrar pessoas que não têm desejo de controlar o mover de Deus, pressionando aos outros com suas doutrinas preferidas, ou precisando organizá-las para obter algum resultado desejado (ou para ofertas de dinheiro). Sendo amados e compartilhando que o amor é mais que suficiente para dar expressão a esta incrível família. Mas não foi isso que Jesus nos falou? (Jo 13:34-35).
Um frutificar de vida.
Vendo a família como uma comunhão cada vez maior de amigos, e amigos de amigos, nos ajuda ver a igreja como ela realmente é. Isso também nos permite apreciar o crescimento orgânico que acontece através das amizades, em vez da imposição de algum modelo estruturado que força as pessoas para amizades que não têm crescido naturalmente e muito provavelmente jamais crescerão neste ambiente. Essa visão preenche bastante do que o Novo Testamento ensina e demonstra sobre a vida da igreja.
Mantenha o foco nos relacionamentos. Em vez de tentar construir uma vida corporativa na doutrina, programas, rituais ou estruturas, as pessoas estão focadas em sua amizade com Jesus e encontrando outros com os quais compartilham essa mesma amizade. Quanto mais suas amizades crescem, mais envolvimento você terá na família. E aqueles que têm dificuldades de estabelecer relacionamentos, podem ser ajudados por aqueles que têm mais liberdade para fazê-lo.
O foco não está nas reuniões, mas em viver relacionalmente. O compartilhar de vida no corpo de Cristo não acontece por frequentar reuniões, mas por desenvolver amizade com Jesus e com nossos irmãos espirituais. É certo que o corpo vai estar junto de várias maneiras para celebrar essas amizades. Mas isto será feito de forma que as pessoas desejam estar juntas com um propósito específico em mente, e não para seguir uma rotina artificial. Até então nosso foco deve estar onde Jesus pôs o dele - na conexão de dois ou três de acordo com o crescimento de nossas amizades. E quando nossos ajuntamentos acontecem além de nossas amizades, eles não serão um programa estático com o propósito de entreter os outros.
Isso responde o dilema do quanto de estrutura precisamos. Não vamos querer estruturas com o propósito de controlar amizades, porque isso só vai impedir as pessoas de lidar com suas diferenças ou crescer nesse processo. As estruturas que podemos abraçar são aquelas que facilitam o que Deus está fazendo no meio de um grupo específico por um tempo específico. Não precisamos começar ministérios ou perpetuar grupos com fim em si mesmos, mas simplesmente aprender como cuidar uns dos outros, estimular cada um para crescer em Deus e fazermos juntos qualquer coisa que Ele nos pedir.
Isso resolve os conflitos sem o apelo do poder. As instituições devem providenciar autoridades que tomam decisões claras, criando um ambiente baseado em quem detém o poder de tomar decisões que os outros devem seguir. Amigos resolvem os conflitos não pela decisão daquele que está no comando, mas por meio de buscar honesta e abertamente o bem maior de Deus e ninguém assumindo que sua vontade é a melhor para os outros. A conexão dos relacionamentos em acordo terá um impacto muito mais significante nos outros que qualquer assembleia que estabeleça regras.
Isso pode oferecer um lugar propício para o crente mais fraco. Uma das Escrituras que sempre me incomodou como líder de uma instituição era Romanos 14-15 onde Paulo fala sobre o mais forte dando espaço para o mais fraco. Absolutamente não existe aplicação alguma desse texto num ambiente institucional. Ao invés disso, o forte assume o controle sobre o mais fraco ou o resultado será o caos. Numa família de relacionamentos, contudo, aqueles fracos na fé podem ser amados, a graça pode ser estendida para até onde ele está na jornada, e eles podem ser encorajados a andar com mais liberdade, tudo no contexto da amizade.
Isso permite que líderes sejam verdadeiramente servos, ajudando no crescimento dos outros, em vez de manter a máquina funcionando. Também previne contra aqueles que são imaturos por desejarem a falsa liderança enquanto se escondem por trás de seu carisma pessoal, eloquência ou sabedoria intelectual como forma de governar sobre os outros. Os verdadeiros anciãos irão simplesmente ser aqueles que foram um pouco mais longe na estrada e que ajudarão os demais a encontrar amizades, da mesma forma que eles.
Isso permite conexões mais amplas, seja em encontrar novas pessoas ou cooperar juntos em vários esforços. Quando pensamos em igreja como uma instituição específica em um local específico, rituais ou doutrinas, cortamos a nós mesmos de outros relacionamentos que Deus poderia querer nos arranjar para interconectar sua família ou tocar o mundo.
O poder das conexões.
Tenho sido abençoado nos últimos anos por ser parte de algumas maravilhosas conexões com indivíduos ou rede de amigos que Deus me trouxe por um determinado período. O ajuntamento na Irlanda foi dessa forma. Foi um evento específico cujos frutos só poderão ser medidos pelas amizades que ele produziu. Quase tudo que faço agora traz comigo amigos em Cristo, cada um fazendo sua parte e resultando em algo muito mais maravilhoso que cada um de nós poderia realizar sozinho. Talvez o mais maravilhoso tenha sido minha experiência com um novo livro que um amigo escreveu.
Após não obter aprovação para publicar “A Cabana” em certo número de editoras, nós finalmente concluímos que era algo que Deus queria que fizéssemos juntos. Quando começamos buscar direção, tínhamos muitas peças faltando. Mas ao longo de dias e semanas, por meio de amigos e amigos de amigos, várias pessoas se juntaram a nós a fim de nos ajudar nesse projeto.
Nossa maior preocupação era como distribuir de forma tão ampla como pensávamos que Deus queria. Imagine nosso choque ao vender o primeiro exemplar de 11.000 cópias após divulgar o livro na internet, e conversar com nossos amigos sobre isso. Com amigos passando o livro para seus amigos o livro decolou. Sem nenhuma publicidade e sem vender em nenhuma livraria, ele se espalhou como fogo. Certo dia, um membro influente da mídia nacional tinha um exemplar nas mãos e contou a história de como o livro tem tocado vidas, especialmente aquelas que sofreram grande tragédia, e continua a derreter nossos corações. Fomos contatados pela principal rede distribuidora de livros e não tivemos noção de como isso começou. E rejeitamos a proposta de duas importantes publicadoras cristãs que recusaram publicar o livro um ano atrás e agora queria assumir o projeto.
Eu poderia contar mais algumas histórias da simples alegria e frutificação de pessoas se ligando umas às outras. Quase em todo lugar que viajo agora, o grande resultado é pessoas que vivem na mesma região que não se conheciam anteriormente, passam a se encontrar umas com as outras. Recebo e-mails depois que retorno para casa sobre amizades que se desenvolveram e como pessoas podem agora andar lado a lado com as outras, do jeito que Jesus as dirige.
Posso contar sobre pessoas em outros países vivendo a vida de expandir suas amizades, e dando grande testemunho da realidade de Jesus nas mais brutais circunstâncias pelo simples amor e perdão que encontraram nele. Creio realmente que isso é o que Ele disse que o mundo conheceria a Ele pelo amor que compartilharíamos uns com os outros.
Se você quiser fazer parte disso, apenas lembre-se que a alegria de viver como amigos, e amigos de amigos, não virá de um esforço desesperado de encontrar amigos por si mesmo, mas simplesmente por ser amigo daquele que o Pai permitiu que cruzasse seu caminho. Não, você não pode ser amigo de todo mundo, mas pode dedicar tempo para investir naqueles que Jesus pede para você fazer, seja ele já um crente ou não. E quando você assumir o risco de cultivar essa amizade, jamais saberá onde ela poderá te levar.
Conferência Wayne Jacobsen. Sorocaba/SP, 2009.

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