segunda-feira, 5 de março de 2018

Quem é tua cobertura? (Frank Viola)


Resumo e conclusão do livro “Quem é Tua Cobertura?”, de Frank Viola.

Quando nosso Senhor estava na terra, os líderes religiosos de Seu tempo o acossaram com a polêmica pergunta: “Com que classe de autoridade fazes estas coisas? E quem te deu esta autoridade?” (Mat. 21:23).

Ironicamente, não poucos da classe dirigente religiosa de nossos dias estão fazendo a mesma pergunta aos singelos grupos que se reúnem em torno de Cristo nada mais - sem controle clerical ou facção denominacional.

”Quem é tua cobertura?” é essencialmente a mesma pergunta que “Com que autoridade fazes isto?”.

Como mostrei, esta pergunta tem sua origem numa falsa interpretação da Escritura. No fundo, a noção moderna de “cobertura” eclesiástica é um eufemismo mal dissimulado de “controle”. Por esta razão, é uma pobre representação da ideia de Deus da sujeição mútua. Representa, ademais, um enorme desvio do princípio do NT.

Enquanto os que seguem o exemplo da igreja institucional agarram-se a ela com unhas e dentes, todos os Cristãos do primeiro século, sem dúvida, repudiariam essa “cobertura”.

As divisões ideológicas, heresias doutrinais, independência anárquica e o subjetivismo individualista são problemas severos que atormentam ao Corpo de Cristo em nossos dias. Mas a “cobertura” denominacional/clerical é uma má medicina para purgar a patologia destes males.

O ensino da “cobertura” é em realidade um sintoma do mesmo problema, disfarçado de solução. Como tal, agrava os problemas tenazes do individualismo e da independência, desfazendo a distinção entre autoridade oficial e orgânica. Cria uma falsa sensação de segurança entre os crentes e introduz mais divisões no Corpo de Cristo

Isto é tão grave que o ensino da “cobertura” inocula ao sacerdócio dos crentes, impedindo-lhe que assuma a responsabilidade ordenada por Deus para funcionar em assuntos espirituais. Deliberadamente ou não, a “cobertura” enche de temor os corações de multidões de Cristãos quando afirma que aquele que assumir uma responsabilidade individual nas coisas espirituais sem a aprovação de um clérigo “ordenado”, será presa fácil do inimigo!

Os clérigos de hoje em dia passam muito tempo tratando de vender a ideia de que são necessários para teu bem-estar espiritual. Asseguram que são essenciais para prover direção e estabilidade na igreja Trata-se do velho sermão de “sem visão o povo perece”. Mas é habitualmente a visão isolada do clérigo, sem a qual se perece irremissivelmente!

Deste modo, o ensino da cobertura contém uma ameaça implícita de que os “descobertos” serão culpados de todas as coisas horríveis que lhes ocorrerão. Poucas coisas paralisam tanto o ministério do Corpo que a doutrina da “cobertura”.

Consequentemente, se tratamos de remediar os males da igreja empregando a técnica da “cobertura”, terminaremos com um mal pior do que as doenças que se pretendia curar.

Em outras palavras, o ensino da cobertura traz consigo tons, texturas e ressonâncias muito específicas que pouco têm que ver com Jesus, Paulo ou qualquer outro apóstolo. Ainda que aparente uma nuance peculiarmente moderna, é alheia ao método eleito pelo qual Deus mostra Sua autoridade.

O antídoto espiritual para os males da heresia, independência e individualismo não é a “cobertura”, mas a sujeição mútua ao Espírito de Deus e de uns para com os outros por reverência a Cristo. Nada menos que isto pode proteger ao Corpo de Cristo. Nenhuma outra coisa poderá sanar suas chagas abertas.

A Sujeição Mútua é Natural à Vida Cristã

Não nos equivoquemos. Se você estiver funcionando de acordo com a vontade de Deus, estará mutuamente sujeito aos irmãos com quem se reúne. E com muito gosto receberá ajuda e conselho dos irmãos que te levam a dianteira no Senhor.

Bem entendido, a sujeição mútua não é idealista. É prática e vital. Existe quando uma pedra vivente da casa do Senhor recebe humildemente, de uma maneira viva, ajuda e conselho de outras pedras viventes. Deriva-se da consciência sóbria de que por causa de sua ligação com teus irmãos e irmãs em Cristo, as ações e atitudes deles afetam profundamente às suas.

Deste modo, a sujeição mútua cria uma cultura que estima a liderança espiritual mas não a torna absoluta. Reage à autoridade espiritual sem convertê-la num instrumento de controle.

“Relação responsável” e “responsabilidade relacional” governadas pela sujeição mútua, revelam-se espiritualmente sãs e mutuamente enriquecedoras. Não há nada parecido com isso na prática moderna da “cobertura” hierárquica.

O Ponto Essencial deste Assunto

Por último, desejo ressaltar a razão pela qual esta discussão a respeito da “cobertura protetora” merece a atenção que lhe dediquei. Porque esta suprime fundamentalmente a Chefatura executiva do Senhor Jesus Cristo. Porque as falsas interpretações envolvendo liderança, autoridade e prestação de contas acabam sufocando o Senhorio de Jesus em Sua igreja.

Isto explica por que estes assuntos são tão delicados. O inimigo sabe que se pode enganar ao povo de Deus nestes pontos, que pode suplantar eficazmente o lugar legítimo de Jesus na comunidade dos crentes e assim frustrar o pleno propósito de Deus. Sem mencionar o dano indizível que faz ao povo de Deus.

Portanto, a finalidade ao examinar criticamente o ensino da “cobertura” e tudo o que está estreitamente ligado a ela é mais do que um mero exercício teológico. Toca o próprio propósito de Deus. Um propósito que se ocupa por completo da absoluta soberania e supremacia de Jesus Cristo.

A sujeição mútua ajuda a sublinhar o motivo central da Bíblia: A preeminência universal de Cristo (Efé. 1:9-10; Filemon. 1:15-20). Porque quando a igreja aprender a sujeitar-se em tudo a Jesus Cristo, se cumprirá o eterno propósito de Deus de fazer que todas as coisas estejam sujeitas e obedientes a Seu Filho (Couve. 1:18).

Como os “primeiros e melhores frutos da criação” (Stg. 1:18), nós Cristãos devemos aprender primeiro a sujeitar-nos à autoridade espiritual. Na medida em que fazemos isso, toda a criação seguirá o exemplo. É por isso que a sujeição à autoridade de Deus é preciosa e significativa.

Um Novo Avivamento

Espero sinceramente que o que apresentei neste livro ajude a desmantelar as barreiras sectárias que se derivam do ensino moderno da “cobertura”. Espero que o leitor pelo menos se sinta estimulado a reconsiderar suas noções a respeito da liderança e da autoridade.

Se recebeu e entendeu adequadamente minha mensagem, sucederá o seguinte: Se dará conta que corre graves riscos ao agir de forma condenatória e petulante para com as igrejas e ministérios que escolheram não se ligar a alguma denominação ou instituição religiosa. Cessará de repetir os clichês da “não cobertura” e do elogio irrefletido a certas expressões populares como “responsabilidade de prestar contas” a líderes.

Assim, aprenderá a reconhecer a unção do Senhor sobre as congregações mais singelas - já não mais as descartará porque não encaixam nos estilos de liderança que inventaram. Também terá um pouco mais de cuidado quando julgar a legitimidade de uma igreja ou ministério. Por último cessará de fazer declarações indiscriminadas a respeito da “cobertura” e da “responsabilidade de prestar contas” a líderes - declarações que estão baseadas num mau uso do NT.

A partir de 1970 o Senhor levantou muitas igrejas caseiras, segundo o modelo do NT, virtualmente em cada parte dos Estados Unidos. No entanto, um mau ensino a respeito da autoridade espiritual causou praticamente o desaparecimento de todas elas. Tragicamente, estas experimentaram a “asfixia” que segue à “cobertura”!

Que não ocorra assim em nossos dias.

Conquanto estamos sujeitos às mesmas debilidades dos que nos precederam, não temos por que sucumbir a seus erros. Se vamos cometer erros, cometamos outros novos!

Como sucedeu na década dos 70, o Senhor agora está reavivando Seu povo com o propósito purificador de restaurar Sua casa. À luz deste avivamento, queira Deus que elimine os velhos odres rompidos que entorpeceram Seu fluir.

Queira Deus que tenha incontáveis grupos de Cristãos que se reúnam somente em Seu Filho. Grupos que expressem Seu Corpo em toda a plenitude. Grupos que não tenham visões estreitas, nem modelos de liderança autoritários ou estruturas denominacionais.

Queira Deus, querido leitor que seja adicionado a seu número!

Quiçá uma metáfora final nos ajude a resumir o que foi dito nas páginas anteriores. Podemos comparar a sujeição mútua com a boa música. Quando a sujeição mútua funciona no contexto de uma humildade inteligente e de uma profunda fidelidade à Chefatura de Cristo, produz-se uma formosa melodia que ressoa com a doce harmonia do canto do NT. Mas quando é substituída pelos sistemas hierárquicos que caracterizam o espírito dos gentios, seu som se desvirtua e se torna danoso. Pior ainda, quando é recusada em favor dos pecados pós-modernos do individualismo e da total independência, seu timbre e tom cessam por completo e a morte gelada do silêncio aguarda em seu amanhecer.

Um comentário:

  1. Isso nos mostrar que todos os membros do corpo (igreja )são responsáveis pelo crescimento e edificação mútua uns dos outros

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