Resumo e conclusão do livro “Quem é Tua
Cobertura?”, de Frank Viola.
Quando nosso Senhor
estava na terra, os líderes religiosos de Seu tempo o acossaram com a polêmica
pergunta: “Com que classe de autoridade fazes estas coisas? E quem te deu
esta autoridade?” (Mat. 21:23).
Ironicamente, não
poucos da classe dirigente religiosa de nossos dias estão fazendo a mesma pergunta
aos singelos grupos que se reúnem em torno de Cristo nada mais - sem controle
clerical ou facção denominacional.
”Quem é tua cobertura?”
é essencialmente a mesma pergunta que “Com que autoridade fazes isto?”.
Como mostrei, esta
pergunta tem sua origem numa falsa interpretação da Escritura. No fundo, a noção
moderna de “cobertura” eclesiástica é um eufemismo mal dissimulado de “controle”.
Por esta razão, é uma pobre representação da ideia de Deus da sujeição mútua.
Representa, ademais, um enorme desvio do princípio do NT.
Enquanto os que
seguem o exemplo da igreja institucional agarram-se a ela com unhas e dentes, todos
os Cristãos do primeiro século, sem dúvida, repudiariam essa “cobertura”.
As divisões
ideológicas, heresias doutrinais, independência anárquica e o subjetivismo individualista
são problemas severos que atormentam ao Corpo de Cristo em nossos dias. Mas a “cobertura”
denominacional/clerical é uma má medicina para purgar a patologia destes males.
O ensino da
“cobertura” é em realidade um sintoma do mesmo problema, disfarçado de solução.
Como tal, agrava os problemas tenazes do individualismo e da independência,
desfazendo a distinção entre autoridade oficial e orgânica. Cria uma falsa
sensação de segurança entre os crentes e introduz mais divisões no Corpo de
Cristo
Isto é tão grave que
o ensino da “cobertura” inocula ao sacerdócio dos crentes, impedindo-lhe que assuma
a responsabilidade ordenada por Deus para funcionar em assuntos espirituais.
Deliberadamente ou não, a “cobertura” enche de temor os corações de multidões
de Cristãos quando afirma que aquele que assumir uma responsabilidade
individual nas coisas espirituais sem a aprovação de um clérigo “ordenado”,
será presa fácil do inimigo!
Os clérigos de hoje
em dia passam muito tempo tratando de vender a ideia de que são necessários para
teu bem-estar espiritual. Asseguram que são essenciais para prover direção e
estabilidade na igreja Trata-se do velho sermão de “sem visão o povo perece”.
Mas é habitualmente a visão isolada do clérigo, sem a qual se perece
irremissivelmente!
Deste modo, o ensino
da cobertura contém uma ameaça implícita de que os “descobertos” serão culpados
de todas as coisas horríveis que lhes ocorrerão. Poucas coisas paralisam tanto
o ministério do Corpo que a doutrina da “cobertura”.
Consequentemente, se
tratamos de remediar os males da igreja empregando a técnica da “cobertura”,
terminaremos com um mal pior do que as doenças que se pretendia curar.
Em outras palavras, o
ensino da cobertura traz consigo tons, texturas e ressonâncias muito específicas
que pouco têm que ver com Jesus, Paulo ou qualquer outro apóstolo. Ainda que
aparente uma nuance peculiarmente moderna, é alheia ao método eleito pelo qual
Deus mostra Sua autoridade.
O antídoto espiritual
para os males da heresia, independência e individualismo não é a “cobertura”, mas
a sujeição mútua ao Espírito de Deus e de uns para com os outros por reverência
a Cristo. Nada menos que isto pode proteger ao Corpo de Cristo. Nenhuma outra
coisa poderá sanar suas chagas abertas.
A Sujeição Mútua é
Natural à Vida Cristã
Não nos equivoquemos.
Se você estiver funcionando de acordo com a vontade de Deus, estará mutuamente
sujeito aos irmãos com quem se reúne. E com muito gosto receberá ajuda e
conselho dos irmãos que te levam a dianteira no Senhor.
Bem entendido, a
sujeição mútua não é idealista. É prática e vital. Existe quando uma pedra vivente
da casa do Senhor recebe humildemente, de uma maneira viva, ajuda e conselho de
outras pedras viventes. Deriva-se da consciência sóbria de que por causa de sua
ligação com teus irmãos e irmãs em Cristo, as ações e atitudes deles afetam
profundamente às suas.
Deste modo, a
sujeição mútua cria uma cultura que estima a liderança espiritual mas não a
torna absoluta. Reage à autoridade espiritual sem convertê-la num instrumento
de controle.
“Relação responsável”
e “responsabilidade relacional” governadas pela sujeição mútua, revelam-se espiritualmente
sãs e mutuamente enriquecedoras. Não há nada parecido com isso na prática
moderna da “cobertura” hierárquica.
O Ponto Essencial
deste Assunto
Por último, desejo
ressaltar a razão pela qual esta discussão a respeito da “cobertura protetora” merece
a atenção que lhe dediquei. Porque esta suprime fundamentalmente a Chefatura
executiva do Senhor Jesus Cristo. Porque as falsas interpretações envolvendo
liderança, autoridade e prestação de contas acabam sufocando o Senhorio de
Jesus em Sua igreja.
Isto explica por que
estes assuntos são tão delicados. O inimigo sabe que se pode enganar ao povo de
Deus nestes pontos, que pode suplantar eficazmente o lugar legítimo de Jesus na
comunidade dos crentes e assim frustrar o pleno propósito de Deus. Sem
mencionar o dano indizível que faz ao povo de Deus.
Portanto, a
finalidade ao examinar criticamente o ensino da “cobertura” e tudo o que está estreitamente
ligado a ela é mais do que um mero exercício teológico. Toca o próprio
propósito de Deus. Um propósito que se ocupa por completo da absoluta soberania
e supremacia de Jesus Cristo.
A sujeição mútua
ajuda a sublinhar o motivo central da Bíblia: A preeminência universal de
Cristo (Efé. 1:9-10; Filemon. 1:15-20). Porque quando a igreja aprender a
sujeitar-se em tudo a Jesus Cristo, se cumprirá o eterno propósito de Deus de
fazer que todas as coisas estejam sujeitas e obedientes a Seu Filho (Couve.
1:18).
Como os “primeiros e
melhores frutos da criação” (Stg. 1:18), nós Cristãos devemos aprender primeiro
a sujeitar-nos à autoridade espiritual. Na medida em que fazemos isso, toda a
criação seguirá o exemplo. É por isso que a sujeição à autoridade de Deus é
preciosa e significativa.
Um Novo Avivamento
Espero sinceramente
que o que apresentei neste livro ajude a desmantelar as barreiras sectárias que
se derivam do ensino moderno da “cobertura”. Espero que o leitor pelo menos se
sinta estimulado a reconsiderar suas noções a respeito da liderança e da
autoridade.
Se recebeu e entendeu
adequadamente minha mensagem, sucederá o seguinte: Se dará conta que corre
graves riscos ao agir de forma condenatória e petulante para com as igrejas e
ministérios que escolheram não se ligar a alguma denominação ou instituição
religiosa. Cessará de repetir os clichês da “não cobertura” e do elogio
irrefletido a certas expressões populares como “responsabilidade de prestar contas”
a líderes.
Assim, aprenderá a
reconhecer a unção do Senhor sobre as congregações mais singelas - já não mais
as descartará porque não encaixam nos estilos de liderança que inventaram.
Também terá um pouco mais de cuidado quando julgar a legitimidade de uma igreja
ou ministério. Por último cessará de fazer declarações indiscriminadas a
respeito da “cobertura” e da “responsabilidade de prestar contas” a líderes -
declarações que estão baseadas num mau uso do NT.
A partir de 1970 o
Senhor levantou muitas igrejas caseiras, segundo o modelo do NT, virtualmente em
cada parte dos Estados Unidos. No entanto, um mau ensino a respeito da
autoridade espiritual causou praticamente o desaparecimento de todas elas.
Tragicamente, estas experimentaram a “asfixia” que segue à “cobertura”!
Que não ocorra assim
em nossos dias.
Conquanto estamos
sujeitos às mesmas debilidades dos que nos precederam, não temos por que sucumbir
a seus erros. Se vamos cometer erros, cometamos outros novos!
Como sucedeu na
década dos 70, o Senhor agora está reavivando Seu povo com o propósito purificador
de restaurar Sua casa. À luz deste avivamento, queira Deus que elimine os
velhos odres rompidos que entorpeceram Seu fluir.
Queira Deus que tenha
incontáveis grupos de Cristãos que se reúnam somente em Seu Filho. Grupos
que expressem Seu Corpo em toda a plenitude. Grupos que não tenham visões
estreitas, nem modelos de liderança autoritários ou estruturas denominacionais.
Queira Deus, querido
leitor que seja adicionado a seu número!
Quiçá uma metáfora
final nos ajude a resumir o que foi dito nas páginas anteriores. Podemos comparar
a sujeição mútua com a boa música. Quando a sujeição mútua funciona no contexto
de uma humildade inteligente e de uma profunda fidelidade à Chefatura de
Cristo, produz-se uma formosa melodia que ressoa com a doce harmonia do canto
do NT. Mas quando é substituída pelos sistemas hierárquicos que caracterizam o
espírito dos gentios, seu som se desvirtua e se torna danoso. Pior ainda, quando
é recusada em favor dos pecados pós-modernos do individualismo e da total
independência, seu timbre e tom cessam por completo e a morte gelada do silêncio
aguarda em seu amanhecer.
Isso nos mostrar que todos os membros do corpo (igreja )são responsáveis pelo crescimento e edificação mútua uns dos outros
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