VIVENDO COMO IGREJA RELACIONAL
Escrito por Wayne Jacobsen. Traduzido por Ezequiel Netto
11 - Amigos e amigos de amigos.
Escrito por Wayne Jacobsen. Traduzido por Ezequiel Netto
11 - Amigos e amigos de amigos.
Setembro de 2007.
Desde que escrevi A Igreja Nua, há vinte anos,
tenho buscado por uma definição de igreja que compreenda sua majestade, que
demonstre em simplicidade quem ela é, e como funciona no mundo. A princípio
pensei que poderia ser respondido na forma estrutural, como saindo da mecânica das grandes instituições para estruturas
mais relacionais, como grupos celulares, grupos caseiros e igrejas nos lares.
Mas não funcionou dessa forma, pelo que fiquei incrivelmente
gratificado. Definir a igreja estruturalmente tem dois problemas. Primeiro,
a vida da igreja é encontrada na afeição e cooperação de pessoas, as quais
estão vivendo em Cristo. Nenhuma estrutura garante essa realidade. De fato, os
menores grupos religiosos baseados no desempenho são até mesmo mais perigosos
que aqueles maiores. Segundo, essas definições eram inerentemente
divisivas - excluem irmãos e irmãs que reúnem em estruturas diferentes e
inculcam uma falsa sensação de superioridade naqueles que pensam que finalmente
descobriram “o segredo” da vida da igreja
do Novo Testamento.
Em todo o tempo, meus relacionamentos nunca refletiam a
realidade como eu tentava definir. Tenho comunhão próxima com irmãos e irmãs
que se reúnem de várias maneiras, como em grandes instituições ou com aqueles
que vivem apenas ao lado dos outros. Eu queria uma definição que transcendesse
todas as formas estruturais que tendemos a ver a igreja.
Neste verão, contudo, encontrei por acaso uma definição que
expressa melhor a vida da igreja que qualquer outra que eu buscara. Ela se
cristalizou em meu pensamento durante um encontro mundial de crentes e vem
crescendo em mim mais que nunca. Sua aplicação em uma variedade de formas
parece sustentar testemunhos de sua clareza e praticidade. Que definição é
essa? Simplesmente estou vendo a beleza da igreja de Jesus Cristo emergindo
nestes dias como “amigos, e amigos de
amigos”.
Agora percebo que precisamos de um pouco de explicações,
então deixa tentar.
Um exemplo na Irlanda.
Aqueles que leem meu blog ou escutam O Caminho de Deus sabem que participei de um incrível ajuntamento
de crentes na Irlanda, em junho do ano passado. Fui recebido por um número de
pessoas que vivem relacionalmente ao redor de Dublin por mais de 30 anos.
Estavam no processo de formar uma congregação nos anos 80, quando Deus deixou
claro que não pediu a eles para fazer isso. Eles pararam de se encontrar
regularmente, mas continuaram a compartilhar a vida de Jesus juntos como amigos
que vivem próximos uns dos outros. Eles raramente se reúnem todos juntos, embora
também seja raro que diariamente um grupo deles não esteja junto de alguma
forma - compartilhando a caminhada e ajudando uns aos outros.
Nesse verão Deus me juntou por uma semana de compartilhamento
com pessoas de todo o mundo as quais estão aprendendo a viver relacionalmente
como família. O povo veio de 10 países diferentes, incluindo Austrália, Nova
Zelândia, África do Sul, Estados Unidos e outros países da Europa. Muitos desses
que vieram não conheciam uns aos outros previamente, e muitos nunca tinham ido
à Irlanda.
Tivemos uma semana juntos, começando no domingo com um
pic-nic no campo e terminamos no sábado seguinte, no mesmo campo, com um
churrasco. Ninguém planejou nada além das refeições para estas ocasiões, e para
o resto da semana não nos reunimos como um grupo grande, exceto para tomar um
ônibus de turismo para conhecer a Irlanda. Durante toda a semana grupos de
pessoas se encontraram em várias casas e outros lugares para comerem juntos,
ter algum tipo de recreação ou conversarem. Até o final da semana fomos
soprados para todos os lugares que o Pai quis sem planejamento e sem marcar
reuniões de ministério. Amizades floresceram, assuntos profundos foram
discutidos, impressões foram compartilhadas e perguntas foram respondidas.
Oramos, choramos e rimos juntos, de todas as formas, assistindo Jesus emergir
ao nosso redor. Dedicamos um tempo significante ajudando indivíduos que tiveram
algum contratempo durante a caminhada, com oração e aconselhamento. Amigos e amigos de amigos puderam estar
juntos por uma semana e Jesus pode realizar tudo o que desejou através dessa
simples realidade.
Muitos daqueles que se juntaram durante aquela semana eu já
tinha encontrado previamente durante minhas viagens. Assistir amigos meus se
encontrando e desfrutando de outros amigos meus foi muito gratificante. Fui
abençoado em ver como uma simples rede de conexões se expande para envolver
outras pessoas, e quanta gente relatou que tiveram um tempo justamente com as
pessoas que precisavam conhecer e puderam já perceber maneiras que Deus poderia
fazer para ligá-las no futuro.
A princípio, nada disso me surpreendeu. A maior parte de
minha vida é gasta com amigos e amigos de
amigos que o Espírito está tecendo juntos. Eu tive momentos semelhantes
nesse verão em grupos ainda menores na praia do lago Tahoe, num velho espaço de
comunhão em Stratford, Ontario, e em uma casa em Naarden, na Holanda. E muitas
das tarefas que Jesus me pediu para fazer nesses dias não poderiam ser feitas
sem uma rede de várias pessoas, cada uma suprindo sua parte. Minha vida tem se
tornado um mar sem fim de relacionamentos, alguns por muito tempo, outros
apenas por uma estação. Mas estou convencido que o ambiente onde as amizades se
desenvolvem é onde a família floresce, e não numa rígida rotina de uma instituição.
Quão maravilhoso foi pra mim ver que na Irlanda essa mesma
dinâmica foi visível numa larga escala com diferentes tipos de pessoas. Foi
exatamente desse jeito que me disseram que não funcionaria. Pessoas falam que
as amizades são boas para estar atuando numa mesma localidade, e que não
permitiria que o corpo de Cristo funcionasse numa escala global. Elas estão
erradas. Estou convencido que a única maneira que pode funcionar é globalmente.
As instituições brigam constantemente por controle, doutrinas e dinheiro. Mas
onde Jesus constrói amizades não há fim para os bens e recursos que Ele pode juntar para cumprir seus propósitos. Nada é desperdiçado
em esforço político ou para manter a máquina funcionando. Toda a dinâmica da
vida do corpo no Novo Testamento se aplica melhor no desenvolvimento de
amizades do que eles poderiam fazer se dedicando a edificar grupos.
Amizades no estilo de
Jesus.
Não conheço sistema algum, seja pequeno ou grande, que possa
garantir que, quando for implementado, uma comunidade verdadeira surgirá. A
vida do corpo não surge de nenhum sistema gerenciado, mas a partir de uma
amizade crescente com Jesus, por pessoas ligadas entre si que compartilham essa
amizade umas com as outras. Mesmo que você faça parte de uma grande
instituição, sua qualidade de vida estará muito mais em função das amizades que
você cultiva e como estas te estimulam a viver mais intensamente em Cristo, que
qualquer coisa que a reunião coorporativa possa produzir. Leia novamente os
Evangelhos e verá que grande parte do ministério de Jesus foi realizada com
simples amizades, seja com um pescador cansado retornando com o barco vazio,
almoçando com um cobrador de impostos ganancioso, ou com Maria, Marta e Lázaro
em Betânia. Ele foi constantemente acusado de ser amigo dos pecadores e de ter
prazer com a companhia deles. No final de sua vida, Ele afirmou claramente para seus discípulos que o que esperava
deles não era a obediência como servos, mas a afeição de amigos (Jo 15:15).
Talvez a palavra ‘amizade’
possa soar muito comum para descrever a maravilha de nossa ligação com Ele e de uns com os outros, mas isso só porque olhamos em termos
humanos. A maioria das amizades é edificada num delicado equilíbrio de
benefício mútuo. À medida que as pessoas fornecem alguma coisa para nós, nós as
consideramos amigas. Quando não fazem isso, nós partimos para outras. Por essa
causa, a maioria de nós tem apenas amizades muito rasas que podem ser tão
inconstante com o tempo. E muitos de nós experimentamos a dor da traição quando
um bom amigo decide que teria mais a ganhar se nos abandonasse.
Assim, muitos de nós evitamos amizades profundas pensando que
podemos nos proteger de futuros desapontamentos. Essa é a razão por acharmos
mais fácil confiar nos relacionamentos administrados pelas instituições que
correr o risco da espontaneidade da amizade verdadeira e crescente. Mas essa é
a nossa perda!
As amizades como Jesus idealizou não são no estilo “o que eu posso obter de você”, mas na
disposição de entregar nossa vida em favor do outro. Até você experimentar como
Ele fez isso por você, você jamais saberá como fazer isso pelos
outros.
Essa é a razão porque a verdadeira amizade não se desenvolve
a partir das regras e orientações institucionais, mas a partir de pessoas
realmente ligadas a Jesus e, a partir daí, com os outros. Na medida em que
vamos crescendo na liberdade de não precisar explorar os outros ou ser
explorados por eles, poderemos experimentar tudo sobre a verdadeira amizade. Essas
amizades são os tijolos para a edificação da comunidade do Novo Testamento.
Foi esse tipo de amizade que compartilhei com aqueles que se
reúnem na Irlanda, e a amizade que cresceu entre os demais naquela semana.
Estou convencido que essa é a maneira como a noiva toma forma no mundo à medida
que o Espírito conecta o corpo através das amizades carinhosas e cuidadosas. Amigos e amigos de amigos, vivendo,
compartilhando e trabalhando lado a lado, cada um contribuindo com o que o
Senhor lhes dá. Esse é o nosso compromisso com o corpo de Cristo e abrirá a
porta para todas as maneiras pelas quais Jesus quer que compartilhemos sua vida
em unidade.
Desenvolvendo amizades.
Obviamente que estar ligado a um grupo e se tornar parte de
um crescente círculo de amigos são duas coisas muito diferentes. A maioria de
nós só conhece o primeiro, e o segundo pode parecer uma ameaça a este, pois não
existe lugar algum que você possa ir para se inscrever para amizades
verdadeiras. Não podemos orquestrar isso. As amizades surgem na medida em que
reconhecemos e investimos tempo com aqueles que o Pai pede que andemos lado a
lado por determinado período. Então elas começam da única maneira que podem
começar, não com os outros, mas com Ele!
Primeiro, aprenda com Jesus a ser amigo. Ele é a única fonte de vida. A vida do corpo é fruto de
nossa caminhada com Ele, e não um meio para obtê-la. Deixe seu relacionamento com Ele crescer. Se você não conhece outros com a mesma paixão,
apenas fique perto dele e com os olhos abertos. Ele pode querer você para Ele durante um tempo, de forma que você dependa somente dele. E
eventualmente Ele
irá te conectar com os demais.
Segundo, procure fazer amizade com aqueles que Deus colocou
em seu caminho. Os tijolos para
edificação do corpo de Cristo não são encontrados em grupos, acredite ou não.
Jesus mostrou especificamente o valor de dois ou três reunidos em nome dele. Em
pequenas conversas é onde nós realmente conhecemos uns aos outros e
reconhecemos a vida de Jesus no outro. Sentados numa reunião jamais faremos
isso. Eu já estive em grupos caseiros que se reuniram por mais de 20 anos para
oração e estudo bíblico sem serem amigos. Eles alegam ser igreja, mas não havia
afeição entre eles, e nenhum entendimento do que significa compartilhar a vida
juntos. Eles estavam apenas compromissados com as reuniões semanais.
Encontre maneiras de comerem juntos, uma tarde ou uma saída
juntos. Quando se cruzarem no corredor de alguma loja, não sejam apressados.
Parem um pouco, mesmo que seja só por um momento, e desfrutem a companhia um do
outro. Os relacionamentos crescem melhor com pequenas conversações. Tentar
formar grupos é um pobre substituto para isto, e muitas vezes uma forma
estrutural de tentar produzir amizades involuntariamente subverte o processo
por si só. Amizades só florescem em conversas verdadeiras onde pessoas estão
crescendo em conhecer e cuidar umas das outras sob o amor do Pai.
Agora, assista as
conexões se desenvolverem. A partir desses dois
ou três uma maravilhosa rede de amizades surgirá. À medida que alguns amigos
meus passam a conhecer outros meus amigos, o corpo toma forma ao meu redor. Essa
teia de amigos interconectados oferece possibilidades sem limites para as
várias maneiras que o Espírito pode nos unir e nos mostrar como cooperar juntos
em fazer o que Ele
pede. O ajuntamento de vários grupos vai tomar forma, não
porque eles estão tentando ter uma ‘reunião’
do Novo Testamento, mas porque querem aprender juntos, trabalhar juntos ou, de
alguma maneira, expressar a obra de Deus no mundo. Pessoas que vivem dessa
forma aprendem a valorizar cada conexão que Deus deu a elas.
Aqueles que participaram como parte de facilitar o que
aconteceu na Irlanda e em outros lugares que vou são aqueles que têm investido
anos em desenvolver amizades. Eles não estão tentando dirigir grupos ou formar
relacionamentos estruturados, mas simplesmente deixar Jesus ligá-los com outros
e dar tempo para essas amizades se desenvolverem. E eles têm compartilhado
generosamente essas amizades com seus outros amigos.
É assim que a igreja vai tomando forma localmente,
regionalmente e globalmente. Eu amo ver alguns de meus queridos amigos fazendo
amizades entre si. Quando estive no Reino Unido nesse verão, encontrei um jovem
casal que veio como imigrante da África do Sul. Eles conheceram outro casal que
tive um tempo com eles quando estive lá, os quais conheciam um casal mais velho
vivendo próximo a eles, nas cercanias de Londres. Aquele casal fez contato
entre eles e com alguns amigos que me hospedaram neste verão. Eles se juntaram
a nós na semana que estive lá. Na semana seguinte eu estava sentado na Irlanda
com o casal da África do Sul que começou tudo, e o casal de Londres que passou
a fazer parte conosco. Que família alegre - amigos
e amigos de amigos se encontrando em comunhão e vivendo juntos, ajudando
uns aos outros na caminhada.
Está ouvindo o mover das agulhas do Espírito Santo
tecendo-nos juntos como família?
A família de maior proporção.
Que alegria é ver a igreja tomando forma não como resultado
da visão de algum homem, ou um grupo de pessoas planejando criar uma
organização para contê-la, mas vendo-a como uma realidade que transcende todos
os nossos esforços de controlá-la. Embora a igreja se expresse através de
milhões de simples atos de amizade em resposta a liderança de Jesus e aos
maravilhosos frutos que surgem a partir daí, nenhum homem poderia jamais
controlar a igreja, e não existe nenhuma instituição que possa abrangê-la para
controlar, financiar, brigar por ela ou dividi-la.
Expressões dessa grande família estão somente nas mãos do
Senhor da maneira como correspondemos a Ele. Esta é a igreja que Ele está edificando! Ela permeia todas as coisas e todo lugar e
não importa como nos reunimos em grupos com outros crentes, aqueles momentos de
dois ou três, de oito ou dez, são os mais importantes. É aí que os
relacionamentos se desenvolvem, onde as pessoas realmente compartilham a
caminhada, e onde encontraremos formas de fazermos juntos o que Ele poderia pedir a nós.
Enquanto estive na Irlanda não pude cooperar muito, mas me
pergunto quantos outros grupos de amigos interconectados enchem nosso planeta.
Quão fácil é para o Espírito Santo conectar pessoas quando elas estiverem preparadas.
Duas pessoas apenas precisam atravessar caminhos que separam partes da família,
para encontrarem uma a outra. É uma alegria encontrar pessoas que não têm
desejo de controlar o mover de Deus, pressionando aos outros com suas doutrinas
preferidas, ou precisando organizá-las para obter algum resultado desejado (ou
para ofertas de dinheiro). Sendo amados e compartilhando que o amor é mais que
suficiente para dar expressão a esta incrível família. Mas não foi isso que
Jesus nos falou? (Jo 13:34-35).
Um frutificar de vida.
Vendo a família como uma comunhão cada vez maior de amigos, e amigos de amigos, nos ajuda
ver a igreja como ela realmente é. Isso também nos permite apreciar o
crescimento orgânico que acontece através das amizades, em vez da imposição de
algum modelo estruturado que força as pessoas para amizades que não têm
crescido naturalmente e muito provavelmente jamais crescerão neste ambiente. Essa
visão preenche bastante do que o Novo Testamento ensina e demonstra sobre a
vida da igreja.
Mantenha o foco nos relacionamentos. Em vez de tentar construir uma vida corporativa na
doutrina, programas, rituais ou estruturas, as pessoas estão focadas em sua
amizade com Jesus e encontrando outros com os quais compartilham essa mesma
amizade. Quanto mais suas amizades crescem, mais envolvimento você terá na
família. E aqueles que têm dificuldades de estabelecer relacionamentos, podem
ser ajudados por aqueles que têm mais liberdade para fazê-lo.
O foco não está nas reuniões, mas em viver relacionalmente. O compartilhar de vida no corpo de Cristo não acontece por
frequentar reuniões, mas por desenvolver amizade com Jesus e com nossos irmãos
espirituais. É certo que o corpo vai estar junto de várias maneiras para
celebrar essas amizades. Mas isto será feito de forma que as pessoas desejam
estar juntas com um propósito específico em mente, e não para seguir uma rotina
artificial. Até então nosso foco deve estar onde Jesus pôs o dele - na conexão
de dois ou três de acordo com o crescimento de nossas amizades. E quando nossos
ajuntamentos acontecem além de nossas amizades, eles não serão um programa
estático com o propósito de entreter os outros.
Isso responde o dilema do quanto de estrutura precisamos. Não vamos querer estruturas com o propósito de controlar amizades,
porque isso só vai impedir as pessoas de lidar com suas diferenças ou crescer
nesse processo. As estruturas que podemos abraçar são aquelas que facilitam o
que Deus está fazendo no meio de um grupo específico por um tempo específico.
Não precisamos começar ministérios ou perpetuar grupos com fim em si mesmos,
mas simplesmente aprender como cuidar uns dos outros, estimular cada um para
crescer em Deus e fazermos juntos qualquer coisa que Ele nos pedir.
Isso resolve os conflitos sem o apelo do poder. As instituições devem providenciar autoridades que tomam
decisões claras, criando um ambiente baseado em quem detém o poder de tomar
decisões que os outros devem seguir. Amigos resolvem os conflitos não pela
decisão daquele que está no comando, mas por meio de buscar honesta e
abertamente o bem maior de Deus e ninguém assumindo que sua vontade é a melhor
para os outros. A conexão dos relacionamentos em acordo terá um impacto muito
mais significante nos outros que qualquer assembleia que estabeleça regras.
Isso pode oferecer um lugar propício para o crente mais fraco. Uma das Escrituras que sempre me incomodou como líder de
uma instituição era Romanos 14-15 onde Paulo fala sobre o mais forte dando
espaço para o mais fraco. Absolutamente não existe aplicação alguma desse texto
num ambiente institucional. Ao invés disso, o forte assume o controle sobre o
mais fraco ou o resultado será o caos. Numa família de relacionamentos,
contudo, aqueles fracos na fé podem ser amados, a graça pode ser estendida para
até onde ele está na jornada, e eles podem ser encorajados a andar com mais
liberdade, tudo no contexto da amizade.
Isso permite que líderes sejam verdadeiramente servos, ajudando no crescimento dos outros, em vez de manter a
máquina funcionando. Também previne contra aqueles que são imaturos por desejarem
a falsa liderança enquanto se escondem por trás de seu carisma pessoal,
eloquência ou sabedoria intelectual como forma de governar sobre os outros. Os
verdadeiros anciãos irão simplesmente ser aqueles que foram um pouco mais longe
na estrada e que ajudarão os demais a encontrar amizades, da mesma forma que
eles.
Isso permite conexões mais amplas, seja em encontrar novas pessoas ou cooperar juntos em
vários esforços. Quando pensamos em igreja como uma instituição específica em
um local específico, rituais ou doutrinas, cortamos a nós mesmos de outros
relacionamentos que Deus poderia querer nos arranjar para interconectar sua
família ou tocar o mundo.
O poder das conexões.
Tenho sido abençoado nos últimos anos por ser parte de
algumas maravilhosas conexões com indivíduos ou rede de amigos que Deus me
trouxe por um determinado período. O ajuntamento na Irlanda foi dessa forma.
Foi um evento específico cujos frutos só poderão ser medidos pelas amizades que
ele produziu. Quase tudo que faço agora traz comigo amigos em Cristo, cada um
fazendo sua parte e resultando em algo muito mais maravilhoso que cada um de
nós poderia realizar sozinho. Talvez o mais maravilhoso tenha sido minha
experiência com um novo livro que um amigo escreveu.
Após não obter aprovação para publicar “A Cabana” em certo número de editoras, nós finalmente concluímos
que era algo que Deus queria que fizéssemos juntos. Quando começamos buscar
direção, tínhamos muitas peças faltando. Mas ao longo de dias e semanas, por
meio de amigos e amigos de amigos,
várias pessoas se juntaram a nós a fim de nos ajudar nesse projeto.
Nossa maior preocupação era como distribuir de forma tão
ampla como pensávamos que Deus queria. Imagine nosso choque ao vender o
primeiro exemplar de 11.000 cópias após divulgar o livro na internet, e
conversar com nossos amigos sobre isso. Com amigos passando o livro para seus
amigos o livro decolou. Sem nenhuma publicidade e sem vender em nenhuma
livraria, ele se espalhou como fogo. Certo dia, um membro influente da mídia
nacional tinha um exemplar nas mãos e contou a história de como o livro tem
tocado vidas, especialmente aquelas que sofreram grande tragédia, e continua a
derreter nossos corações. Fomos contatados pela principal rede distribuidora de
livros e não tivemos noção de como isso começou. E rejeitamos a proposta de
duas importantes publicadoras cristãs que recusaram publicar o livro um ano
atrás e agora queria assumir o projeto.
Eu poderia contar mais algumas histórias da simples alegria e
frutificação de pessoas se ligando umas às outras. Quase em todo lugar que
viajo agora, o grande resultado é pessoas que vivem na mesma região que não se
conheciam anteriormente, passam a se encontrar umas com as outras. Recebo
e-mails depois que retorno para casa sobre amizades que se desenvolveram e como
pessoas podem agora andar lado a lado com as outras, do jeito que Jesus as
dirige.
Posso contar sobre pessoas em outros países vivendo a vida de expandir suas amizades, e dando grande
testemunho da realidade de Jesus nas mais brutais circunstâncias pelo simples
amor e perdão que encontraram nele. Creio realmente que isso é o que Ele disse que o mundo conheceria a Ele pelo amor que compartilharíamos uns com os outros.
Se você quiser fazer parte disso, apenas lembre-se que a
alegria de viver como amigos, e amigos de
amigos, não virá de um esforço desesperado de encontrar amigos por si
mesmo, mas simplesmente por ser amigo daquele que o Pai permitiu que cruzasse
seu caminho. Não, você não pode ser amigo de todo mundo, mas pode dedicar tempo
para investir naqueles que Jesus pede para você fazer, seja ele já um crente ou
não. E quando você assumir o risco de cultivar essa amizade, jamais saberá onde
ela poderá te levar.
Conferência Wayne Jacobsen. Sorocaba/SP, 2009.